terça-feira, 22 de abril de 2014



 

Surdocegueira e Deficiência Múltipla

A surdocegueira é uma deficiência específica, com características próprias e requer cuidados muitos específicos. O indivíduo surdocego, devido a combinação da perda auditiva e visual, apresenta dificuldades de interagir com meio em geral, comprometendo sua aprendizagem, comunicação, relações social entre outros aspectos da vida desses sujeitos. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida.
A deficiência múltipla é caracterizada pela junção de duas ou mais deficiências que pode afetar a parte motora, mental, sensorial entre outras do sujeito, porém, não é a quantidade e sim o grau de comprometimento que define essa deficiência.
Ambas as deficiências necessitam de cuidados especiais nas atividades da vida diária, na aquisição da comunicação e interação com o meio, a comunicação é primordial  para o desenvolvimento dessas pessoas, descobrir uma via de comunicação é passo inicial para interação com meio.  Alguns métodos são utilizados como: o método dos calendários, onde é usados objetos concretos e organizados intencionalmente, temos as Tecnologias Assistivas com uma variedade  de recursos de informática ou não, assim como a CAA ( COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AUMENTATIVA) entre outros.
A aplicabilidade desses sistemas de comunicação vai depender das possibilidades que os sujeitos surdoscegos ou com deficiência múltipla oferecer ao meio. É necessário que essa comunicação seja eficiente, funcional e que faça sentido para o sujeito, oferecendo oportunidades reais e concretas para interagir com o meio e com seus pares.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Educação Escolar da Pessoa com Surdez





No Brasil incluir alunos com deficiência auditiva é um desafio diário, pois as escolas regulares de ensino precisam ser inclusivas contendo todo um aparato necessário para que o aluno seja de fato consiga desenvolver suas habilidades.
Historicamente, sabemos do imenso preconceito que pessoas com deficiência auditiva sofriam. Eram tidos como incapazes, a surdez era como uma doença que precisava ser curada. Nos últimos anos, surgiram muitas teorias e estudos sobre o desenvolvimento pleno dos potenciais cognitivos, linguísticos, emocionais e sociais desses indivíduos. Estudos que mostram que apesar da limitação auditiva, a pessoa com surdez pode sim desenvolver-se plenamente desde que sejam lhes oferecidas condições apropriadas e com isso ainda é uma conquista lenta, muitos alunos com surdez não conseguem aprender, pois encontram dificuldades para se apropriar da linguagem em seus primeiros anos de vida causando um atraso em seu potencial cognitivo.

“O significado social da surdez está ligado à ausência da linguagem comum à   maioria, mas não se pode negar características próprias a comunidade surda sob o risco de negar recursos de integração” (Fernandes, 1990).
As pessoas com surdez, na escola regular de ensino passam por muitas dificuldades , pois faltam-lhes propostas e práticas que dêem conta das diferenças humanas em geral. Portanto, é necessário, buscarmos formas de superar esses entraves do cotidiano educativo da escola comum, para romper suas barreiras excludentes e criar espaços acolhedores.

“Não dominam a Língua Portuguesa como meio de comunicação e, portanto, também, não como instrumento de seu pensamento. Retrata ainda, que a aquisição da Língua de Sinais, favorece o desenvolvimento cognitivo e lingüístico do surdo, bem como,  é a porta aberta para aprendizagem da segunda, a Língua Portuguesa (Fernandes, 2003:149)”.

Na tentativa de suprir estas deficiências, vários métodos de trabalho com o individuo surdo têm sido propostos no decorrer no histórico da educação dos surdos. A educação bilíngüe que surgiu no final da década de 70, hoje é a mais indicada para que a pessoa com surdez se desenvolva melhor. Esta proposta leva em consideração as características dos próprios surdos, incluindo a opinião dos surdos adultos com relação ao processo educacional da criança surda.
Segundo Sanchez, 1991:
“Falar em bilinguismo no campo da educação dos surdos é fazer referência a algo muito concreto, e algo sem controvérsias à luz dos conhecimentos atuais da linguística: a existência de duas línguas ao redor dos surdos. Dito de outra forma, o bilinguismo reconhece que o surdo vive numa situação bilíngue”
A pessoa surda segundo a proposta bilíngüe, é visto como um indivíduo diferente, mas não deficiente. Suas potencialidades podem ser totalmente desenvolvidas, desde que seus direitos linguísticos sejam respeitados e que esteja inserida em ambientes estimuladores.
Infelizmente, sabemos que  para vermos essa realidade em prática, teremos que lutar muito em prol dessa causa, já que atualmente a implantação de um modelo bilíngue no Brasil não é tarefa fácil. Uma tradição oralista na educação dos surdos em nosso país deu origem a indivíduos surdos sub-educados, muitas vezes sem conhecimento da LIBRAS e sem condições de atuar na educação de crianças surdas. A necessidade do oralismo ainda é uma realidade para o surdo brasileiro, é evidente que para se fazer os direitos das pessoas surdas serem respeitados, com salas de aulas com intérpretes, práticas pedagógicas adequadas, professores qualificados, materiais didáticos e a expansão do conhecimento de Libras para toda sociedade, será uma luta árdua por políticas públicas inclusivas.