No
Brasil incluir alunos com deficiência auditiva é um desafio diário, pois as
escolas regulares de ensino precisam ser inclusivas contendo todo um aparato
necessário para que o aluno seja de fato consiga desenvolver suas habilidades.
Historicamente,
sabemos do imenso preconceito que pessoas com deficiência auditiva sofriam.
Eram tidos como incapazes, a surdez era como uma doença que precisava ser
curada. Nos últimos anos, surgiram muitas teorias e estudos sobre o
desenvolvimento pleno dos potenciais cognitivos, linguísticos, emocionais e
sociais desses indivíduos. Estudos que mostram que apesar da limitação
auditiva, a pessoa com surdez pode sim desenvolver-se plenamente desde que
sejam lhes oferecidas condições apropriadas e com isso ainda é uma conquista
lenta, muitos alunos com surdez não conseguem aprender, pois encontram
dificuldades para se apropriar da linguagem em seus primeiros anos de vida
causando um atraso em seu potencial cognitivo.
“O
significado social da surdez está ligado à ausência da linguagem comum à maioria, mas não se pode negar
características próprias a comunidade surda sob o risco de negar recursos de
integração” (Fernandes, 1990).
As pessoas com
surdez, na escola regular de ensino passam por muitas dificuldades , pois
faltam-lhes propostas e práticas que dêem conta das diferenças humanas em
geral. Portanto, é necessário, buscarmos formas de superar esses entraves do
cotidiano educativo da escola comum, para romper suas barreiras excludentes e
criar espaços acolhedores.
“Não dominam a Língua Portuguesa como meio de
comunicação e, portanto, também, não como instrumento de seu pensamento.
Retrata ainda, que a aquisição da Língua de Sinais, favorece o desenvolvimento
cognitivo e lingüístico do surdo, bem como,
é a porta aberta
para aprendizagem da segunda, a Língua
Portuguesa (Fernandes, 2003:149)”.
Na
tentativa de suprir estas deficiências, vários métodos de trabalho com o
individuo surdo têm sido propostos no decorrer no histórico da educação dos
surdos. A educação bilíngüe que surgiu no final da década de 70, hoje é a mais
indicada para que a pessoa com surdez se desenvolva melhor. Esta proposta leva
em consideração as características dos próprios surdos, incluindo a opinião dos
surdos adultos com relação ao processo educacional da criança surda.
Segundo
Sanchez, 1991:
“Falar
em bilinguismo no campo da educação dos surdos é fazer referência a algo muito
concreto, e algo sem controvérsias à luz dos conhecimentos atuais da
linguística: a existência de duas línguas ao redor dos surdos. Dito de outra
forma, o bilinguismo reconhece que o surdo vive numa situação bilíngue”
A
pessoa surda segundo a proposta bilíngüe, é visto como um indivíduo diferente,
mas não deficiente. Suas potencialidades podem ser totalmente desenvolvidas,
desde que seus direitos linguísticos sejam respeitados e que esteja inserida em
ambientes estimuladores.
Infelizmente,
sabemos que para vermos essa realidade
em prática, teremos que lutar muito em prol dessa causa, já que atualmente a
implantação de um modelo bilíngue no Brasil não é tarefa fácil. Uma tradição
oralista na educação dos surdos em nosso país deu origem a indivíduos surdos
sub-educados, muitas vezes sem conhecimento da LIBRAS e sem condições de atuar
na educação de crianças surdas. A necessidade do oralismo ainda é uma realidade
para o surdo brasileiro, é evidente que para se fazer os direitos das pessoas
surdas serem respeitados, com salas de aulas com intérpretes, práticas
pedagógicas adequadas, professores qualificados, materiais didáticos e a
expansão do conhecimento de Libras para toda sociedade, será uma luta árdua por
políticas públicas inclusivas.

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